Fluidesa


Localização: Sudoeste – Brasília, DF

Área: 82 m²

Projeto: 2022

Construção: 2022

Autores: Filipe Monte Serrat e Silvana Moraes

Colaboradores:  Gabriela Vilarino

Fotos: Joana França

A Fluidesa cerâmicas nasceu em uma loja comercial no subsolo do bairro Sudoeste, em Brasília, em plena pandemia. O projeto foi pensado para viabilizar o trabalho manual, o fácil acesso às ferramentas e a disposição mais eficaz das máquinas necessárias para o funcionamento do espaço, que nasceu já com a ideia de ser ateliê e coworking de cerâmica.

O estímulo à pausa, o foco na manualidade e a reverência ao fazer artístico fizeram com que a procura pelas aulas aumentasse rapidamente e a necessidade de ampliar o espaço foi inevitável. A loja ao lado foi incorporada, mantendo as características do projeto inicial e complementando as necessidades surgidas ao longo da ocupação do primeiro espaço.

A parede que divide as duas salas comerciais é revestida com uma cerâmica terracota, cor que remete à essência da matéria prima usada no ateliê: o barro. A madeira pinus e o piso de granitina complementam a atmosfera “crua” proposta para o espaço: materiais naturais que servem de base para receber as peças que nascem ali.

O ambiente apresentava uma demanda particular: a necessidade de um espaço com muitas prateleiras para acomodar as peças em diferentes fases de produção. A solução foi criar expositores modulares que comportam cerâmicas de tamanhos distintos e organizam o espaço de forma orgânica, ao mesmo tempo que facilitam processos de rotina e decoram o ateliê.

A Fluidesa tem a singularidade de ser um espaço comercial, afetivo e criativo. O estúdio foi idealizado pela ceramista Mariana Franco que se descobriu no ofício do barro e tinha vontade de incluir mais pessoas no processo, desde seus mestres a pessoas que nunca haviam tido contato com esse tipo de atividade.

A entrada da loja funciona como uma vitrine para as peças produzidas no ateliê. O cobogó de concreto foi a escolha para trazer um pouco mais de privacidade ao espaço durante as aulas de cerâmica, mas oferecendo a permeabilidade necessária para instigar quem passa na frente – é um convite para um mergulho no universo criativo do lugar.

No fundo, a parede azul, elemento da identidade visual que contrasta com os tons terrosos, revela uma busca pelo inesperado. A tonalidade está presente também em itens da papelaria e da comunicação visual do ateliê e é uma espécie de elemento surpresa, uma cor que complementa a paleta base e traz a dose certa de humor e elegância para o espaço.

Ao mirar a parede azul, mira-se também a engrenagem do ateliê: é ali que ficam tanques de lavagem, fornos, armários, copa e banheiro, elementos necessários para a funcionalidade do ambiente. A arte pode se elevar ainda mais quando as raízes que a abrigam propõem-se à expansão.